Cultura

Andrea Carabantes

“Estamos firmemente determinadas a que as mulheres imigrantes sejamos ouvidas e respeitadas e a sairmos da invisibilidade até dentro do mundo imigrante.”

Na foto de esquerda a direita: Membros da Equipe de Base Warmis, Jobana Moya, Rocío Orvalho e Andrea Carabantes na festa Yunza 2015. Crédito: Equipe de Base Warmis - Convergência das Culturas.

Na foto de esquerda a direita: Membros da Equipe de Base Warmis, Jobana Moya, Rocío Orvalho e Andrea Carabantes na festa Yunza 2015. Crédito: Equipe de Base Warmis – Convergência das Culturas.

por Leonardo Manffré

Sou Chilena, moro no Brasil há 5 anos”. É desse modo que Andrea Carabantes se apresenta para mim via e-mail. Logo pergunto a ela o que é ser mulher num país diferente da sua origem e, nesse sentido, ela é bem enfática. “Depende da cor e etnia da imigrante, não é o mesmo acolhimento para uma mulher branca europeia ou de rasgos europeus, do que para uma mulher negra, árabe ou indígena. Toda mulher sofre com o machismo e na mulher imigrante pobre, ou catalogada como inferior, é pior ainda porque ela sofre com a xenofobia e o racismo”, destaca.

Andrea ressalta que na comunidade boliviana, na qual atua de maneira mais ativa, as mulheres são o ser mais invisível. “A maioria está irregular no país e tem medo de sair e ser pegas pela polícia federal, mesmo tendo o direito de ficar no brasil pelo acordo Mercosul. Muitas delas estão em casamentos abusivos e são silenciadas pelos maridos e muitas delas não tem conseguido aprender a língua e ficam só se relacionando dentro da comunidade”. E conclui a ideia: “No momento atual no Brasil a mulher imigrante é vista como um ser indesejado e quando você é vista desse jeito ou tentas apagar o que te faz diferente e tentas te adaptar ocultando tuas diferenças culturais”.

Quando perguntada sobre a descriminação, a imigrante valoriza a experiência pessoal. “Eu sou chilena e apesar de termos fama de ser um país muito conservador eu me deparei com uma sociedade ainda mais conservadora que é a brasileira. Na minha percepção o Brasil é vendido lá fora como um pais cheio de liberdades, o que em certas áreas não deixa de ser certo, mas o que você vive é uma opressão muito silenciosa, mais dissimulada, mais ‘careta’ como falariam aqui”, desabafa.

Andrea também destaca as diferentes realidades culturais entre os dois países em que convive através da sua vivência. “Um exemplo [de diferença cultural] é a amizade homem/mulher. No Chile é normal ter amigos homens, com os quais não exista nada sexual e aqui se você tenta se aproximar de um homem sem intenções amorosas tem que deixar isso bem claro porque senão eles acham que você está se oferecendo. Outra coisa é que se você é casada e outro homem sabe ele nem te cumprimenta para não desagradar teu marido porque o que importa é como os homens se sintam e não as mulheres”, conta ela.

A imigrante faz parte do grupo Warmis, uma equipe de base integrada por mulheres imigrantes e brasileiras que, como o próprio nome indica, faz trabalhos na base, mulheres imigrantes mais vulneráveis. Andrea conta que o grupo nasce como uma necessidade de melhoria da vida das mulheres imigrantes – andinas principalmente. “Nosso objetivo é passar informação as mulheres sobre os seus direitos, sobretudo nos temas de violência contra a mulher, obstétrica e doméstica. Criar âmbitos femininos com nossas voluntárias e membros de ativismo da não-violência ativa e passar isso para as mulheres”, destaca.

Nessa deixa, a mulher demostra a real importância do grupo Warmis no âmbito cultural e na busca por políticas públicas. “Queremos empoderar a mulher imigrante no respeito a sua diversidade cultural e como isso é um aporte e não um problema, que ela enxergue isso como um valor e passe isso para outros e para seus filhos também. Também atuamos fazendo parcerias com órgãos públicos para visibilizar os problemas das imigrantes e dar solução a eles”, determina.

Voltar

Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s